terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Crítica do dia!

MISSÃO: IMPOSSÍVEL - PROTOCOLO FANTASMA
(Mission: Impossible - Ghost Protocol, EUA, 2011). 
Direção: Brad Bird.
Com: Tom Cruise, Paula Patton, Simon Pegg, Jeremy Renner, Michael Nyqvist, Léa Seydoux, Josh Holloway, Tom Wilkinson. 132min.
   Não é apenas a desenvoltura e o talento de Tom Cruise para filmes de ação que fazem de MISSÃO IMPOSSÍVEL uma franquia de sucesso. O primeiro exemplar da quadrilogia é um típico suspense de espionagem, no qual constam, basicamente, duas grandes sequências de ação. Já no segundo, sob a batuta de John Woo, o agente da IMF (e não FMI, como - acredite - consta em alguns sites) Ethan Hunt perpetra as mais inacreditáveis, mirabolantes e monumentais acrobacias (algo típico do cineasta oriental), parecendo mais um fútil playboy esbanjando soberba e exibindo-se em ridículas piruetas. No terceiro filme da série, Ethan retoma o aspecto de sobriedade de outrora: de que outra forma o espião confrontaria o vilão espetacularmente interpretado por Philip Seymour Hoffman? Mais uma vez, algo de novo é inserido no universo de Hunt: além das aventuras de praxe, Ethan ainda precisa lidar com o amor (uma experiência que, algum tempo depois, um outro famoso espião experimentaria).
   Neste MISSÃO IMPOSSÍVEL - PROTOCOLO FANTASMA, o estreante em live-action Brad Bird segue a cartilha das produções que o precederam, isto é, implementa sagazes mudanças - e a melhor delas, indubitavelmente, consiste na inserção de um agradável sarcasmo ausente nos filmes anteriores. Boa parte das piadas, claro, deve-se ao excelente timing cômico de Simon Pegg, retomando o Benji Dunn de MI-3. Outra audaciosa implementação é digna de destaque: há um foco todo especial na equipe de Ethan; todos os mocinhos que o rodeiam têm tempo de tela suficiente para que nos afeiçoemos por eles. O mesmo, porém, não se pode dizer do vilão Cobalto: com pouca presença de tela (a vilã secundária Sabina Moreau, por exemplo, é muito mais 'desconcertante' - com o perdão do trocadilho - do que o bandido cujo codinome é um elemento químico), Michael Nyqvist não desagrada o suficiente para que possamos odiá-lo.
   Acredito que, afora o descaso para com seu antagonista, MI-4 despertou impressão unânime naqueles que o assistiram: filmaço! Após ser resgatado de uma prisão (numa das sequências mais bacanas do filme), Ethan é acusado de ser o responsável por uma enorme explosão no KREMLIN, a sede do governo russo. Assim, a velha tensão entre EUA e Rússia volta à tona, e, como medida emergencial, o presidente americano decide desativar o FMI, quer dizer, a IMF, dando início ao chamado Protocolo Fantasma. Operando às escuras, Ethan deve descobrir a identidade secreta do Cobalto - teoricamente, o verdadeiro responsável pelo atentado terrorista supramencionado. Para tanto, Hunt vê-se obrigado, entre outras coisas, a escalar o prédio mais alto do mundo: o Burj Khalifa, em Dubai, com 828 metros de altura. Aqui, as tomadas foram rodadas em IMAX, um sistema especial de câmeras que propicia uma sensação de maior clareza e profundidade. Em tempo: Cruise dispensou dublês para a gravação de algumas cenas.
   Como alicerce para a construção do suspense constante, Michael Giacchino (o responsável pelos angustiantes barulhinhos de LOST) nos brinda com uma trilha sonora impecável - repare, em especial, na belíssima sequência em que Ethan e Benji adentram no KREMLIN.
   O versátil Brad Bird ainda tem a sagacidade de reservar algumas boas surpresas (e aparições) para o epílogo da trama. Aliás, meus amigos, ainda há tempo para um eventual MI-5, não?



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Crítica do dia!

A EPIDEMIA (The Crazies, EUA, 2010).
Direção: Breck Eisner.
Com: Timothy Olyphant, Radha Mitchell, Joe Anderson, Danielle Panabaker, Christie Lynn Smith. 101min.
   Quando se menciona algo sobre uma 'nova' produção com temática zumbi, os fãs do gênero, ironicamente, apavoram-se. A razão é simples: de uns tempos pra cá, as grotescas criaturas degustadoras de cérebros perderam um pouco da sua essência. Os zumbis de hoje são tão velozes quanto uma propagação epidêmica. Em alguns casos, funciona - vide o remake 'MADRUGADA DOS MORTOS'. Em outros - a maioria, na verdade -, o resultado é tal qual uma infestação por mortos-vivos: catastrófico.
   Além da responsabilidade de trazer zumbis decentes, este A EPIDEMIA teria outro grande desafio: refilmar, com dignidade, O EXÉRCITO DO EXTERMÍNIO (1973), um dos clássicos do 'pai dos mortos-vivos', George A. Romero. E refilmagens, claro, também deixam os aficionados pelo gênero amedrontados.
   A EPIDEMIA não dispõe das alegorias e metáforas sociais presentes na obra de Romero - há, apenas, críticas dispersas (à opressão bélica americana, por exemplo); aqui, o objetivo é específico: entreter. E, neste quesito, o filme começa bem. Nos primeiros minutos, somos apresentados a uma tensa sequência: abruptamente, em meio a uma partida de baseball, algo chocante ocorrerá. Daí em diante, o xerife David Dutten (Timothy Olyphant), sua esposa Judy (Radha Mitchell) e seu fiel escudeiro Russell (Joe Anderson) iniciarão a velha jornada de sobrevivência em meio à carnificina protagonizada pelos 'loucos' - e, também, pelos militares americanos; aliás, uma escolha acertada do roteiro consiste em focar, em alguns momentos do filme, nos conflitos entre os camponeses e os soldados fortemente armados. Uma das melhores cenas de A EPIDEMIA, inclusive, provém da ênfase anteriormente mencionada: ao fugir de um helicóptero, os sobreviventes buscam abrigo num claustrofóbico (e inseguro) lava-jato.
   Mas, como nada é perfeito se não tiver defeitos, A EPIDEMIA, numa sucessão de clichês e lugares-comuns, logo trata de equilibrar a 'balança acertos/erros' - dar de cara, no meio do nada, com um solitário chefão do governo (ou algo do tipo) que, por sua vez, passeia displicentemente de carro pela região isolada, é demais, não? A coincidência bisonha tem, obviamente, um propósito: fornecer maiores esclarecimentos sobre a hecatombe que está por vir. E, aqui, A EPIDEMIA exibe o seu maior trunfo: uma cena que 'manda pro espaço' (com o perdão do trocadilho) muitas sequências digitais perpetradas pelos blockbusters hollywoodianos.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Crítica do dia!

A MINHA VERSÃO DO AMOR (Barney´s Version, Canadá/Itália, 2010).
Direção: Richard J. Lewis.
Com: Paul Giamatti, Minnie Driver, Dustin Hoffman, Rosamund Pike, Rachelle Lefevre, Scott Speedman. 134min.
   Baseado no livro 'A versão de Barney', lançado no Brasil pela editora Companhia das Letras e de autoria do renomado escritor canadense Mordecai Richler, A MINHA VERSÃO DO AMOR é constituído, basicamente, de duas etapas: na primeira delas, o filme é uma espécie de comédia de humor negro com pitadas de drama; na segunda, um drama com algumas pitadas de humor negro.
   A indecisão em definir-se como um exemplar típico de um determinado gênero não é, neste caso, prejudicial - o próprio protagonista, Barney Panofsky, interpretado com excelência por Paul Giamatti (vencedor do Globo de Ouro deste ano na categoria melhor Musical-Comédia), é, essencialmente, indeciso. De origem judaica, Barney é um desalentado produtor de TV (responsável, entre outras coisas, pelas 'Produções completamente desnecessárias') que, na ocasião do lançamento de um controverso livro, publicado por um detetive 'em sua homenagem', é incitado a recapitular momentos importantes de sua vida. Assim, somos transportados à Roma da década de 70, época em que Barney perpetra o primeiro de dois desastrosos matrimônios.
   A retrospectiva de Barney é, em última instância, um contraponto às situações biográficas contidas no livro que o 'homenageia' - aqui, inclusive, vale a seguinte reflexão: o que os outros pensam sobre nós afeta o nosso comportamento? Barney é, sim, um bom sujeito - de coração transparente, segundo uma de suas esposas; o espectador mais atento certamente perceberá o bando de oportunistas que rodeiam o judeu. Alguns, dizem-se amigos; outras, dizem-se cônjuges. Barney tem seus defeitos, claro; um deles, aliás, mulher alguma jamais compreenderá: o fascínio pelo esporte aliado à prática habitual de assistir jogos bebericando misturas alcoólicas.
   O primeiro tomo de A MINHA... é marcante, sobretudo, devido à presença monumental de Dustin Hoffman. Ao interpretar Izzy Panofsky, pai de Barney, o ator dá uma verdadeira aula de atuação - a qual Ricardo Macchi não deveria ter faltado, diga-se de passagem. Cada aparição de Izzy na tela é promessa de altas gargalhadas: cafajeste e sarcástico, o detetive aposentado exibe com maestria toda a sua 'sabedoria paternal'.
   No segundo tomo, A MINHA... trata de profetizar os desfechos de pai e filho - e, aqui, vale ressaltar uma inteligente estratégia do roteiro: a busca pela redenção com o auxílio da memória antes que seja tarde demais. Recordar é viver, mas, cuidado: não esqueça de viver o presente.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Crítica do dia!

O HOMEM DO FUTURO (Brasil, 2011).
Direção: Cláudio Torres.
Com: Wagner Moura, Alinne Moraes, Maria Luísa Mendonça, Gabriel Braga Nunes, Fernando Ceylão. 103min.
   Dois óbvios motivos influenciavam-me a não ir ao cinema ver este O HOMEM DO FUTURO. Primeiro: tratava-se de um filme brasileiro que ousava mesclar gêneros cinematográficos aparentemente disjuntos -comédia romântica e ficção científica. Segundo: a trama era uma variante da clássica fórmula 'homem viaja no tempo e resolve consertar o passado; mas, claro, alguma coisa dá errado e o 'novo' futuro - oriundo da intervenção de outrora - já não é mais como era antigamente.' Mais: por falar em Legião Urbana, havia, também, um baile cujo clímax transcorria ao som do hino 'Tempo Perdido', musicaço da banda supracitada. E, claro, qualquer semelhança com DE VOLTA PARA O FUTURO seria apenas uma singela homenagem.
   Por outro lado, porém, haviam os motivos que instigavam-me a assistir o filme. Primeiro: as presenças de Wagner Moura e da bela Alinne Moraes. Segundo: a direção de Cláudio Torres - do bom A MULHER INVISÍVEL, que levou cerca de 2 milhões de espectadores às salas brazucas.
   Ironicamente, o tempo foi um fator decisivo. No dia em que fui ao cinema, a sessão que exibia O HOMEM DO FUTURO era a única que se adequava à minha disponibilidade de horários. E, para minha surpresa, o resultado final foi positivo. Aqui, Wagner Moura interpreta o físico João Nogueira (codinome: 'Zero'), um brilhante cientista prestes a descobrir uma revolucionária fonte de energia. Eis que, após um atrevido experimento, João viaja no tempo e vai parar no dia 22/11/1991. Neste dia, estreava nos cinemas a 30ª animação produzida pelos estúdios Walt Disney: o clássico A BELA E A FERA. Em terras tupiniquins, no entanto, uma outra improvável relação amorosa surgiria: o jovem João faria amor com a mais bela estudante da universidade - Helena, interpretada por Alinne Moraes. A moça, porém, faria o pobre rapaz passar pela maior humilhação de toda a sua vida. Assim, o 'João futurista' decide intervir em prol de si mesmo.
   Não há como negar: o tema é clichê. E os lugares-comuns fazem com que alguns momentos do filme sejam enfadonhos. Mais uma vez, o tempo foi um fator chave: gradualmente, as coisas são postas em seus devidos lugares. Segue-se, então, uma série de pequenas surpresas e cenas memoráveis - a já citada versão de 'Tempo Perdido' cantada no baile; o jovem João 'chapadaço' protagonizando sequências hilárias; Alinne Moraes de lingerie, entre outras. E, para fortalecer o visual, o ótimo apelo sonoro: aqui, as músicas, selecionadas a dedo, têm papel crucial - destaque para as presenças de RADIOHEAD, THE MARMALADE e SUA MÃE, a banda do ator Wagner Moura.
   Em entrevista, o diretor Cláudio Torres disse: 'Eu me interesso pelo insólito, porque, mesmo diante do fantástico, um homem não deixa de sofrer.' Na opinião do cineasta, o sofrimento é, portanto, parte do processo de crescimento pessoal - e esta crença reflete-se na opção por soluções não triviais para o filme. Como diria Sawyer: 'What´s done is done.'

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Crítica do dia!

O PLANETA DOS MACACOS - A Origem (The rise of the planet of the apes, EUA, 2011).
Direção: Rupert Wyatt.
Com: James Franco, John Lithgow, Freida Pinto, Brian Cox, Tom Felton, Andy Serkis. 105min.
   Segundo a TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE, os complexos mecanismos de funcionamento do Universo e a perfeição estrutural dos seres vivos só podem mesmo ser obra do chamado 'criador inteligente' - a teoria, tida como pseudociência, é vista como uma roupagem moderna para o Criacionismo. Assim, Deus existe e o espetáculo da natureza, entre outras coisas, seria uma prova de tal existência. O homem, com sua mania secular de grandeza, acredita ser o espécime ótimo da evolução, e, muitas vezes, ousa brincar de Deus, interferindo, por exemplo, nos intrincados processos ecológicos-naturais. Os resultados são, na maioria das vezes, catastróficos.
   O Cinema, em várias oportunidades, explorou as maléficas consequências da ação antrópica desvairada. Produções como OS PÁSSAROS, de Alfred Hitchcock, e o recente FIM DOS TEMPOS, de M. Night Shyamalan, estão fundamentadas na apresentação, por parte da natureza, de inimagináveis mecanismos de defesa. A franquia PLANETA DOS MACACOS, por sua vez, talvez cause um forte impacto pelo fato do bicho em questão ser exatamente o 'macaco' - em tempo: os chimpanzés, por exemplo, compartilham conosco cerca de 99% de seu DNA.
   No original, de 1968, os macacos são, de fato, a raça dominadora - os homens são, inclusive, utilizados como cobaias em pesquisas. Em O PLANETA DOS MACACOS - A Origem, é apresentada a possível causa da opressão simiesca: na esperança de encontrar a cura para doenças degenerativas cerebrais, o cientista Will Rodman (James Franco) idealiza o ALZ-112, substância atuante nos processos celulares do sistema nervoso. A droga, porém, é testada em chimpanzés e tem um surpreendente efeito colateral: os macacos aprimoram sua inteligência e suas habilidades cognitivas são maximizadas. Após um incidente, Will adota um filhote de chimpanzé que, em breve, receberá do pai enfermo do cientista (John Lithgow) o sugestivo sobrenome de um dos maiores generais do Império Romano: Caesar.
   Caesar é 'interpretado' por Andy Serkis - sim, o mesmo carinha responsável por Gollum, de O SENHOR DOS ANÉIS -, especialista em captura de performance por computação gráfica. E, como você já deve saber, Caesar, assim como todos os outros macacos que constam no filme, é de cair o queixo. As sequências 'macacada reunida' são visualmente empolgantes; mais: casam muito bem com o roteiro inteligente e bem escrito. A cena da ponte Golden Gate já é uma das melhores do ano.
   Se o ALZ-112 tem impacto positivo nos símios, nos humanos, por outro lado, tem efeito devastador - uma interessante sacada do roteiro que resulta numa cena após os créditos finais. O efeito da droga, contudo, é ferramenta indispensável para a intenção primordial do filme: centralizar a trama nos macacos. A escolha é certeira. Tanto que o elenco não-computadorizado, à exceção de John Lithgow e Tom Felton (ótimo no papel de 'carcereiro'), quase não merece destaque. A macacada faz e acontece.
   Caesar, ao liderar a 'revolução dos bichos', profetiza o desfecho lúgubre do reinado humano. Mas, como quem é rei nunca perde a majestade, outros dois filmes estão previstos. Nesse meio tempo, quem sabe o homem não aprende a respeitar um pouco mais a natureza?




sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Crítica do dia!

MATEMÁTICA DO AMOR (An Invisible Sign, EUA, 2010).
Direção: Marylin Agrelo.
Com: Jessica Alba, Chris Messina, Sonia Braga, J.K. Simmons, John Shea. 96min.
   A Matemática é, indubitavelmente, a rainha de todas as Ciências. Platão já dizia: 'Os números governam o mundo.'E, por incrível que pareça, é a mais pura verdade: desde a graduação de terremotos na conhecida escala Richter até à descoberta de novos planetas, a Matemática encontra-se presente.
   Como futuro matemático, um filme intitulado MATEMÁTICA DO AMOR certamente despertaria o meu interesse. E despertou - pelo menos nos primeiros quinze minutos de projeção, nos quais é exibida uma animação bacana com um mote soturno: num reino utópico, uma família é obrigada a 'ceder' um de seus integrantes como forma de solucionar a 'crise da falta de espaço'; o resto da fita é maçante e impreciso (e, como sabemos, imprecisão em Matemática é algo inadmissível).
   Em MATEMÁTICA DO AMOR, filme de estréia da diretora Marylin Agrelo (antes, a cineasta havia feito apenas o documentário 'Mad Hot Ballroom' - no Brasil: 'Vamos todos dançar'), Jessica Alba interpreta Mona Gray, uma jovem apaixonada pela Matemática que, diante do sério problema psiquiátrico do pai, decide, digamos, abdicar das coisas boas que a vida pode oferecer - a idéia da moça era aderir, de certa forma, à mítica tese defendida por Paulo coelho: 'Quando você quer muito algo, o Universo conspira a seu favor.'Pra se ter uma noção, a jovem passa, por exemplo, a comer sabonetes na esperança de que um dia seu pai restaure a sanidade mental. Não obstante, Mona ainda precisa lidar com as dificuldades do magistério: mesmo sem o diploma, a garota consegue o cargo de professora de Matemática de uma escola local. A utilização de inovadoras técnicas de ensino (a 'equação humana' e a didática dos sinais '>' e '<', por exemplo) resulta no disparatado apogeu da pseudotrama: a inexperiente docente tem a imbecil idéia de introduzir, em sala de aula, um afiadíssimo machado para simbolizar o número 7.
   A pedagogia da 'professorinha', notavelmente, provoca, no espectador, a mesma sensação que o filme, como um todo, produz neste: uma incômoda impressão de que a Matemática resume-se apenas às quatro operações aritméticas básicas. A Matemática é bela e, como tal, encanta. Mas, como diria o professor Manoel Paiva: 'A Matemática se revela em mentes sensíveis, capazes de ver uma espiral em um girassol, ângulos em uma estrela e Deus no infinito.'
   Baseado no livro 'An invisible sign of my own', de Aimee Bender, MATEMÁTICA DO AMOR, felizmente, conta com um bom elenco de apoio: Chris Messina (o 'Latino' americano - reparem na semelhança!) e a brasileira Sonia Braga são destaques. Nada, porém, que salve o filme do fiasco. O amor é confuso e contraditório; a Matemágica, por sua vez, não admite paradoxos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crítica do dia!

RATATOUILLE (Idem, EUA, 2007).
Direção: Brad Bird.
Com vozes de: Patton Oswalt, Ian Holm, Lou Romano, Brian Dennehy, Peter O´Toole, Brad Garrett. 110min.
   Excelência e criatividade sempre foram o carro-chefe da PIXAR. A excelência reflete-se no deslumbre visual, no rigor dos detalhes e no acabamento perfeito das personagens e cenários. A originalidade, por sua vez, configura-se na elaboração de roteiros inteligentes, ricos culturalmente e que deixam no chinelo muitas historinhas idealizadas por grandes estúdios hollywoodianos.
   Você seria capaz de imaginar um rato cozinheiro? Provavelmente sim. A imaginação humana é muito fecunda. Porém, comprar - e o mais importante: vender - esta idéia já são outros quinhentos. E não é que a PIXAR atreveu-se, mais uma vez, a tornar crível e belo algo aparentemente disparatado?
   Em RATATOUILLE - título advindo do prato homônimo típico da Provença, região ao sul da França -, o ratinho pé-duro Remy diferencia-se dos demais roedores de sua colônia por ser dotado de uma habilidade extraordinária: a capacidade de discernir e manipular os mais variados aromas e sabores. Remy é um estudioso das receitas do chef francês Gusteau - personagem livremente inspirado em Bernard Loiseau, mestre-cuca francês que cometeu suicídio após especulações sobre uma possível queda em sua cotação no Guia Michelin, a máxima referência no negócio de restaurantes franceses - e, por um lance do destino, vai parar na cozinha de um dos restaurantes que leva o nome deste.
   Falar mais só serviria para estragar algumas pequenas surpresas do roteiro, rico em situações e repleto de personagens inesquecíveis. Um deles é o sous chef Skinner, homem diminuto excepcionalmente dublado pelo inglês (também pequenino) Ian Holm - o Bilbo de O SENHOR DOS ANÉIS. É ele o responsável pelas mais hilárias sequências do filme. Por outro lado, o crítico gastronômico Anton Ego, outrora catalisador da decadência de Gusteau, embora com pouco tempo de tela, nos presenteia com um escrito dos mais belos já vistos no Cinema - alvo, inclusive, de uma série de discussões filosóficas na internet. Assim como o filho pródigo da conhecida parábola bíblica, que estimulado pela memória gustativa retorna à casa do pai, Ego, ao deparar-se com o talento culinário de Remy, tem suas reminiscências alimentares acionadas e rende-se à genialidade do 'little chef'. Aqui, caro leitor, não há como não recordar o gosto peculiar das delícias e guloseimas preparadas por sua mamãe quando você ainda morava no interior. Simplesmente tocante.
   RATATOUILLE é como aquele prato saboroso: merece ser repetido várias e várias vezes. E com direito a uma sobremesa: um interessante mini-documentário sobre a relação dos ratos com a humanidade através dos tempos.

domingo, 31 de julho de 2011

Crítica do dia!

O ÚLTIMO EXORCISMO (The Last Exorcism, EUA, 2010).
Direção: Daniel Stamm.
Com: Patrick Fabian, Ashley Bell, Iris Bahr, Louis Herthum, Caleb Landry Jones, Tony Bentley. 87 min.
   Nestes dois últimos meses, experimentei mudanças bruscas e impactantes em minha vida. Durante este período, todas as minhas atenções estavam voltadas para o causador (ou melhor, causadora) de tamanho rebuliço. Agora, com as coisas em seus devidos lugares, volto a escrever por aqui. A película da vez é O ÚLTIMO EXORCISMO. Ao contrário de muita gente, gostei do filme. A produção tem seus defeitos, claro, mas há, aqui, uma peculiaridade que a destaca dentre realizações semelhantes: a opção pelo suspense psicológico ao invés da construção de situações amparada pela computação gráfica - todas as nuances da possível possessão demoníaca (posições acrobáticas, rotações de pescoço, etc.), por exemplo, dispensaram efeitos visuais: Ashley Bell, a intérprete da jovem molestada (ou não) pelo demônio Abalam, é, segundo os produtores, contorcionista profissional.
   A escolha de realizar uma fita de horror realista é coerente com o próprio formato do filme: O ÚLTIMO EXORCISMO é um 'mockumentário', isto é, um documentário ficcional. Inicialmente, acompanhamos a rotina do reverendo Cotton Marcus, sua relação com esposa e filho, e, também, sua habilidade em lidar com o público (no caso, os fiéis). Diferentemente do religioso interpretado por Mel Gibson em SINAIS, que teve sua fé abalada após a morte da esposa, Cotton põe sua crença em xeque por uma razão antagônica: a cura de seu filho de uma doença grave. Como Deus e o Diabo devem coexistir, a descrença em um deles deve implicar na inexistência do outro. Assim, Cotton assume o compromisso de desmistificar os rituais de exorcismo, pois, afinal de contas, eles seriam apenas farsas orquestradas pela Igreja Católica. Eis que surge, no caminho de Cotton, a adolescente de 16 anos Nell, e, novamente, a fé do reverendo é posta à prova.
   Como o horror explícito não é prioridade aqui, há, ainda, algumas inserções interessantes no roteiro: suposições de incesto, fanatismo religioso e a super proteção de um pai são as justificativas empíricas utilizadas por Cotton na tentativa de explicar o inexplicável. O intrincado roteiro, no entanto, é prejudicado por um desfecho desapontador, alvo (quase) unânime de críticas negativas, dada a similaridade do mesmo com produções congêneres (leia-se: A BRUXA DE BLAIR).
   Uma coisa é certa: o desconhecido causa medo. E, nessas horas, distanciar-se da crença em um ser superior não é lá uma escolha muito inteligente. Fé em Deus e pé na tábua.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Crítica do dia!

SOBRENATURAL (Insidious, EUA, 2010).
Direção: James Wan.
Com: Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey, Leigh Whannell, Lin Shaye, Ty Simpkins. 103min.
   Como é de praxe, o pessoal responsável pelo batismo de filmes estrangeiros em solo brazuca demonstra, sempre que possível, sua total falta de criatividade - os caras só não perdem mesmo para os lusitanos, cuja capacidade de criação de títulos esdrúxulos dispensa comentários (lá em Portugal, por exemplo, 'Por um fio' chama-se 'Cabine telefônica' (!?)). Aqui, a bola da vez é SOBRENATURAL - cujo título original, 'Insidious', tem uma simples tradução literal correspondente: insidioso, traiçoeiro, pérfido. Se o título nacional pode ser qualificado com um destes últimos adjetivos, a produção em si, por outro lado, é carregada de lisura: e, ironicamente, isto talvez seja o mais grave erro cometido por SOBRENATURAL; o excesso de franqueza reflete-se na troca do terror psicológico pelo horror explícito. A não ser pela 'velha velada que apaga uma vela' (numa cena após os créditos finais), as demais criaturas são risíveis. Uma delas, inclusive, é uma versão fajuta de Darth Maul, o lorde Sith de STAR WARS - Episódio 1: A AMEAÇA FANTASMA.
   Filmado em 22 dias e com um baixo orçamento (para os padrões hollywoodianos), SOBRENATURAL (re)conta a história do casal que muda-se com seus três filhos para uma residência mal-assombrada. Dirigido por James Wan (da franquia JOGOS MORTAIS) e produzido por Oren Peli (de ATIVIDADE PARANORMAL), SOBRENATURAL é recheado de clichês: os vultos que, subitamente, emergem na tela; o monitor de bebês com ruídos estranhos, entre outros. Porém, há duas coisas em SOBRENATURAL que merecem destaque: a sonoplastia e a direção de fotografia. A mistura de sons aparentemente desconexos e violinos 'desafinados' produz a harmonia perfeita para os momentos de horror; a escolha certeira de ângulos de filmagem, por sua vez, carrega de tensão determinadas cenas. E, por falar em tensão, o desfecho, embora não livre o filme da (quase) mediocridade, é um tanto adrenalinesco; a despeito das críticas, o final é coerente e satisfatório. O problema é que, até chegar lá, o espectador passará por inacabáveis momentos de tortura - se é que o leitor me entende.








terça-feira, 24 de maio de 2011

Crítica do dia!

THE FINAL (EUA, 2010).
Direção: Joey Stewart.
Com: Marc Donato, Jascha Washington, Whitney Hoy, Justin Arnold, Lindsay Seidel. 92min.
   Bom, como as previsões apocalípticas de Harold Camping não se confirmaram, cá estou eu vos apresentando mais uma resenha. Além da crítica propriamente dita, o texto abaixo contém, ainda, alguns dados estatísticos de um problema que pode ter consequências devastadoras: o bullying.
   Ao contrário do religioso americano supracitado, o psiquiatra Timothy Brewerton, que tratou alguns sobreviventes do massacre em Columbine (ocorrido nos EUA em 1999), nos mostra previsões realmente preocupantes: segundo estudos do serviço secreto americano, dos 66 ataques a escolas de todo o mundo ocorridos de 1966 a 2011, em cerca de 58 deles os atiradores haviam sofrido bullying. Nos EUA, diariamente, 160 mil alunos faltam às aulas por medo de serem insultados, humilhados. No Brasil, segundo pesquisa recente do IBGE, 31% dos jovens têm o mesmo problema.
   THE FINAL, uma das produções exibidas no 'After Dark Horrorfest 4', ocorrido no ano passado, conta a história de um grupo de jovens vítimas de bullying que, além da dificuldade de relacionamento com os outros estudantes, têm, também, sérios problemas familiares. Daí, eles têm a 'brilhante' idéia de organizar uma festa na qual todos os seus algozes seriam fustigados e torturados. No melhor estilo Casey Heynes (permitam-me: a versão australiana obesa de Leonardo DiCaprio) e, com alguns apetrechos especiais, os esquisitões finalmente cometeriam a sua vingança. Em teoria, THE FINAL tinha tudo para ser um bom filme - a começar pelo instigante trailer. Na prática, porém, isto não acontece. Há uma desgastante demora até que as coisas comecem a acontecer. E, quando começam, o marasmo na fazenda impera. Um dos poucos destaques são algumas frases de efeito interessantes, como a proferida por Emily (Lindsay Seidel): 'Poupe a si mesmo uma dor inimaginável causando-a.' Soa bonito, não?
   O espectador não verá muita graça em THE FINAL - nem mesmo estando sensibilizado pelo recente massacre de Realengo. Com o perdão do trocadilho, é no final que THE FINAL usufrui de uma importante ferramenta da mídia cinematográfica: o poder de denunciar e incitar a reflexão - após completar sua 'missão', um dos garotos murmura: 'Há muitos de nós.' E, em seguida, procede tal qual Wellington Menezes de Oliveira: dispara contra a sua própria cabeça.




   

  

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Crítica do dia!

PROWL (EUA, 2010).
Direção: Patrik Syversen.
Com: Courtney Hope, Ruta Gedmintas, Joshua Bowman, Jamie Blackley, Perdita Weeks, Bruce Payne, Saxon Trainor. 81min.
   Em meados de 2006, surge, para o delírio dos fãs do cinema fantástico (como eu, por exemplo), a produtora americana AFTER DARK FILMS. Co-fundada pelo cineasta Courtney Solomon, a empresa realizaria, naquele mesmo ano, o seu primeiro empreendimento: trazendo no elenco nomes de peso (como Sissy Spacek e Donald Sutherland), An american haunting - no Brasil, 'Maldição' - trouxe notoriedade (e dinheiro, claro) ao recém-criado estúdio. O sucesso foi tanto que Solomon e seus parceiros idealizaram um projeto bem mais interessante: o 'After Dark Horrorfest - 8 films to die for' teve sua primeira edição em 2007 e, desde então, a cada ano, oito filmes independentes de terror bancados pela produtora marcam presença em cerca de 500 salas de cinema ianques.
   Neste ano de 2011, porém, o estúdio resolveu inovar novamente: com 'After Dark Originals', oito filmes com roteiros inteiramente idealizados pela casa seriam produzidos e distribuídos em parceria com a LIONSGATE. PROWL é um destes. A trama gira em torno de Amber (Courtney Hope), uma garota infeliz em sua pequena cidade interiorana. Com a ajuda de amigos, a moça parte rumo à cidade de Chicago, onde comprará um apartamento. Eis que, no caminho, o transporte do grupo sofre uma pane. Resultado: a moçada decide pegar carona no caminhão do (aparentemente) inofensivo Bernard (Bruce Payne - sim, o vilão de PASSAGEIRO 57). Bom, o que eles não sabem é que servirão de alimento para criaturas vampirescas.
   Num primeiro momento, a estrutura narrativa de PROWL é semelhante à de O ALBERGUE: os personagens, suas motivações e angústias, são apresentados com uma certa prolixidade; num segundo momento, a diferença em relação ao filme de Eli Roth é que, aqui, as soluções não são tão simples ou apressadas. Algo que, à primeira vista, pode parecer medonho, terá, no instante oportuno, a devida explicação. Plausível (e bacana), diga-se de passagem.
   Em PROWL, uma vez iniciada a tensão, não há mais serenidade. O problema é que o suspense atinge um ápice para, em seguida, decair continuamente. O declínio supramencionado deve-se, em grande parte, à excessiva utilização de handcams nas sequências adrenalinescas: a visualização do que está ocorrendo fica bastante prejudicada - BATMAN BEGINS, por exemplo, sofre de mal semelhante.
   Contudo, PROWL tem vários pontos positivos a seu favor: a presença de Saxon Trainor, como Veronica, é um deles. Há, também, em PROWL, uma mini-mitologia que, uma vez explorada (com a filmagem de sequências, por exemplo), pode render bons frutos. E, amigos, acreditem: antes PROWL 2 do que ANJOS DA NOITE 4.




segunda-feira, 2 de maio de 2011

Crítica do dia!

A ÚLTIMA CASA (The Last House on the Left, EUA/África do Sul, 2009).
Direção: Denis Iliadis.
Com: Sara Paxton, Tony Goldwyn, Monica Potter, Garret Dillahunt, Aaron Paul, Riki Lindhome, Spencer Treat Clark, Martha MacIsaac. 110min. 
   Como todo mundo já sabe, os remakes ocorrem aos borbotões no cinema hollywoodiano. Grande parte deles consiste em novas versões para clássicos do horror - ou filmes cult deste gênero (sejam eles made in USA ou não). Uma característica comum às refilmagens de fitas de terror é a qualidade das mesmas: por, na maioria das vezes, objetivar apenas o lucro máximo, boa parte delas não têm o resultado esperado. É o caso, por exemplo, do capenga O CHAMADO 2. Mas, como (quase) toda regra tem exceção, eis que surge este A ÚLTIMA CASA, recauchutagem de ANIVERSÁRIO MACABRO, produção escrita e dirigida em 1972 pelo mestre do suspense/horror Wes Craven.
   Basicamente, a trama é a mesma: duas jovens são açoitadas, abusadas e violentadas (não necessariamente nesta ordem) por um grupo de meliantes fugitivos da polícia. A ironia da coisa é que, após o 'divertimento', os bandidos solicitam hospedagem num local extremamente peculiar: a remota residência dos pais de uma das vítimas. O resultado é óbvio: retaliação com requintes de crueldade.
   A ÚLTIMA CASA pode ser fragmentado em dois atos: no primeiro, temos uma breve apresentação das personagens (a qual tem, como intuito, estabelecer um vínculo afetivo entre o espectador e os protagonistas) e, em seguida, o calvário das jovens que, por sua vez, culmina numa bem filmada cena na qual uma das moças tenta fugir a nado de seus algozes; no segundo, um momento de catarse - aqui, o dizer moralista de Seu Madruga ('A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena.') não tem vez - : Os Collingwood (Tony Goldwyn e Monica Potter) desferem os mais violentos golpes contra os malfeitores. Numa interessante cena, Krug (Garret Dillahunt), um dos bandidos, esbraveja: 'Quem são vocês, cambada de malucos?'
   Embora tenha obtido uma bilheteria razoável nos cinemas estrangeiros, A ÚLTIMA CASA foi lançado diretamente em DVD no Brasil - o que, obviamente, põe em xeque o critério de seleção de filmes para os cinemas tupiniquins... Certamente, a causa da ausência deste filme nas telonas brazucas não foi a violência explícita (o original, por seu turno, ainda é censurado em alguns países) : há produções bem mais sanguinolentas no mercado.
   Apesar de uma certa monotonicidade presente no segundo ato, A ÚLTIMA CASA é um remake acima da média. O diretor grego Denis Iliadis, em seu segundo longa, conduz, com certo talento, as situações de tensão que permeiam o filme. Descontando-se os desnecessários clichês - a interminável luta entre John Collingwood e o capanga-mor Krug, por exemplo -, A ÚLTIMA CASA não é apenas mais uma na multidão de refilmagens holywoodianas.
   Antes que seja tarde demais: o trailer abaixo entrega algumas das boas surpresas do filme...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Crítica do dia!

ALTA TENSÃO (Haute Tension, França, 2003).
Direção: Alexandre Aja.
Com: Cécile de France, Maïwenn Le Besco, Philippe Nahon. 85min.
   Primeiro: não confundir este ALTA TENSÃO com o homônimo de 1990 (cujo título original era Bird on a Wire), que trazia Mel Gibson e Goldie Hawn no elenco. Aqui, a tensão, se comparada à produção noventista supracitada, é muito maior. E talvez seja este o grande mérito do filme de Alexandre Aja: provocar, no espectador, uma sensação de desconforto constante - seja pela via gore (há sangue, tripas e afins em abundância) ou através do terror psicológico.
   Segundo: este ALTA TENSÃO merece ser visto simplesmente por apresentar uma sequência capaz de desbancar qualquer das mirabolantes cenas de morte da franquia PREMONIÇÃO. Só isto já vale o ingresso, claro, mas o filme tem vários outros atrativos. Entre eles, uma interessante cena de masturbação protagonizada por Cécile de France.
   Filmado em 36 dias e com um orçamento de 430 mil dólares, ALTA TENSÃO conta a história de duas moças que decidem passar o fim de semana na bucólica casa dos pais de uma delas. Lá, todos passam a ser atormentados por um brutal e impiedoso assassino. Roteiro simples; as soluções para o mesmo, no entanto, não o são. Prova disto é o epílogo disparatado que, infelizmente, põe toda a produção a perder. Se a idéia era - como em O SEXTO SENTIDO - fazer o espectador rever todo o filme, o tiro saiu pela culatra. Mais: o espectador mais atento facilmente verificará a presença de alguns paradoxos básicos no espaço-tempo - aqui, o princípio 'um corpo não pode ocupar lugares distintos ao mesmo tempo' é descaradamente burlado.
   Todavia, como já havia dito, ALTA TENSÃO merece, sim, ser visto. Talvez apenas pelos fãs do gênero. Se você não é fã, assista-o tendo em mente que, no final das contas, as coisas nem sempre saem do jeito que a gente quer.







terça-feira, 26 de abril de 2011

Crítica do dia!

O DESAPARECIMENTO DE ALICE CREED (The Disappearance of Alice Creed, Reino Unido, 2009).
Direção: J. Blakeson.
Com: Martin Compston, Eddie Marsan, Gemma Arterton. 95min.
   Poucos são os filmes que têm um elenco extremamente reduzido. Mesmo o hermético 127 HORAS, por exemplo, não tem a exagerada escassez de atores deste O DESAPARECIMENTO DE ALICE CREED. Não que isto seja demérito, claro. E, aqui, a 'pobreza' de elenco - são apenas três atores - certamente não é problema. E isto sem levar em conta (bom, eu levei...) que um dos intérpretes é a deliciosíssima Gemma Arterton. A moça, cujo talento pôde ser comprovado nos recentes FÚRIA DE TITÃS e PRÍNCIPE DA PÉRSIA: AS AREIAS DO TEMPO, responsabiliza-se por chamar a atenção dos marmanjos e elevar o nível de interesse (sem trocadilhos) destes pelo filme.
   Em O DESAPARECIMENTO..., vemos, logo no início, dois sequestradores executarem o rapto de uma jovem de família abastada. A partir daí, o que se segue é uma série de reviravoltas, nas quais as relações entre sequestradores e vítima são exploradas; há, porém, um pecado pelo excesso: as surpresas são tantas que, num dado momento, beiram a inverossimilhança. Todavia, algumas delas são bem bacanas - e provocam asco também (assista e entenderá).
   Ao final da projeção, o saldo é positivo: o roteiro criativo e a (quase) nudez de Gemma Arterton (cuecada em euforia!) compensam os deslizes do filme. Vale uma conferida.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Crítica do dia!

A INVASORA (À L'intérieur, França, 2007).
Direção: Alexandre Bustillo e Julien Maury.
Com: Alysson Paradis, Béatrice Dalle, Nathalie Roussel, Jean-Baptiste Tabourin.83 min.
   Não é de hoje que, digamos, há uma certa escassez de (boas) fitas de horror no mercado. Os filmes do gênero oriundos do cinema americano são, em grande parte, adaptações de produções européias/orientais. O processo, inclusive, parece estar seguindo o caminho inverso, considerando-se o recente ATIVIDADE PARANORMAL EM TÓQUIO.
   Não é de hoje também que, em termos de originalidade, a verve européia vem dando um banho (de sangue) nos ianques. E, neste, A INVASORA, bota sangue nisso. Aqui, Sarah (Alysson Paradis) é uma jovem fotógrafa prestes a parir o seu primeiro filho. Mas, na noite que antecede o parto, a moça é atormentada por uma misteriosa mulher (Béatrice Dalle). O mote é simples mesmo; aliás, o roteiro faz questão de ocultar informações sobre os seus personagens. Quando há necessidade de transmitir algo, as imagens responsabilizam-se pelo serviço: as expressões de Sarah são um indício da mesquinhez de sua vida; o gatinho preto é, como sabemos, prenúncio de mau agouro, e, o número da residência, 666, é um tanto cabalístico. As imagens, no entanto, não têm, como única função, delinear a história: algumas delas chocam pela violência extrema. Pra se ter uma idéia, mentalize uma angelical gestante sendo humilhada, açoitada e tendo sua barriga cortada (no sentido literal do verbo 'cortar'), por exemplo.
   A INVASORA é, sim, uma senhora carnificina - e muito bem executada, diga-se de passagem. Aqui, o aspecto técnico é de cair o queixo. Contudo, o filme funciona melhor nos seus 30 primeiros minutos, nos quais o terror psicológico prevalece. Nesta fração da fita, a dupla de diretores franceses lida com maestria com as percepções do espectador: ficamos num limbo entre o real e o quimérico. Seria a tal intrusa um simples (e psicótico) ser humano ou uma criatura demoníaca?
   Dúvidas à parte, o que se pode dizer é que, certamente, A INVASORA é para pessoas de estômago forte. Se você não se enquadra, não é recomendável assistir. Mas fique de olho nos realizadores do filme.
   Em tempo: Recentemente, foi lançada uma revista francesa com uma densa reportagem sobre o novo longa da dupla Bustillo/Maury. Promete.


domingo, 10 de abril de 2011

Crítica do dia!

BRUNA SURFISTINHA (Brasil, 2010).
Direção: Marcus Baldini.
Com: Deborah Secco, Cássio Gabus Mendes, Drica Moraes, Guta Ruiz, Cristina Lago, Fabíula Nascimento. 109min.
   Em meados de 2003, um picante blog britânico, chamado 'The intimate adventures of a call girl' (As íntimas aventuras de uma garota de programa), começou a despertar a curiosidade de centenas de internautas ingleses: o conteúdo da página, impróprio para menores, continha todas as peripécias sexuais da prostituta 'belle de jour', autora dos textos cujo nome de guerra consiste numa, digamos, homenagem ao célebre filme de 1967 de Luis Buñuel, no qual Catherine Deneuve interpretava uma jovem casada (e insatisfeita) e rica que, nas horas vagas, realizava os seus fetiches sexuais num discreto bordel. O cultuado blog rendeu à sua misteriosa autora publicações de livros e uma série de TV. Eis que, em meados de 2009, a identidade secreta de 'belle de jour' é revelada: tratava-se da (então) médica especialista em câncer infantil (acredite!) Brooke Magnanti que, por dificuldades pecuniárias, trabalhou por cerca de 14 meses no ramo da prostituição de luxo.
   Bruna Surfistinha é a 'belle de jour' tupiniquim. O filme, adaptado do livro 'O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO' (que vendeu cerca de 300 mil cópias no país), conta a incursão de Raquel Pacheco, jovem de família abastada, no submundo (se é que se pode chamar assim) da prostituição. Não há, aqui, uma dedicação de tempo para porquês e justificativas prolixas: afinal de contas, por que alguém não pode simplesmente optar pela carreira do 'profissionalismo sexual'? Atores e atrizes pornôs que o digam. Só não digam, por favor, que trabalhar com sexo é um serviço como outro qualquer...
   Uma vez 'empregada' (repare na piadinha sobre os direitos trabalhistas), Raquel adota o codinome Bruna e, em pouco tempo, passa a destacar-se entre as suas colegas de profissão. E, como era de se esperar, algumas delas passam a ter inveja da insaciável novata - aqui, destaque para Fabíula Nascimento como Janine, a desbocada meretriz. Insensível às provocações e dificuldades, Bruna decide montar seu próprio negócio. E, amigos, a moça dá-nos uma verdadeira lição de empreendedorismo: livremente inspirada em 'belle de jour' (ou não, já que mentes distintas podem convergir para uma mesma idéia - Newton e Leibniz criaram o Cálculo independentemente, por exemplo), Bruna cria também o seu blog. Assim, em pouco tempo, a moça é alçada à posição de celebridade virtual: algumas empresas tentaram, inclusive, fazer propaganda de suas marcas no referido site. Neste ponto, porém, Raquel já não é mais a mesma: o processo de autodestruição, oriundo do pernicioso contato com drogas, sobrepõe-se às necessidades básicas vitais.
   Infelizmente, o roteiro, optando pela exposição excessiva da relação de Bruna com as drogas, acaba caindo num lugar-comum: a velha história do desmoronamento e reconstrução; haviam, pois, muitas outras nuances da personagem que poderiam ter sido exploradas (como, por exemplo, o seu envolvimento com Hudson - na vida real, João Correa de Moraes, homem casado que abandona a esposa e casa-se com Raquel).
   Longa de estréia do diretor Marcus Baldini, egresso do meio publicitário, BRUNA SURFISTINHA conta, ainda, com uma boa interpretação de Deborah Secco, perfeita para o papel: a atriz está para ninfetas/prostitutas - Íris (em Laços de Família), Darlene (em Celebridade), Betina (em Paraíso Tropical), etc. - assim como Schwarzenegger está para exterminadores.
   Com uma trilha sonora de primeira - que inclui Radiohead, The Zombies e The Flaming Stars -, BRUNA SURFISTINHA peca num quesito crucial: há uma certa ausência de propósito no roteiro. Mas, aqui, tal falha poderia ser proposital, um simples reflexo da postura da protagonista. Aliás, postura semelhante o espectador deve assumir: assista sem preocupar-se com causas e efeitos. Afinal de contas, cinema é entretenimento. E sexo (quase) sempre diverte.




quarta-feira, 16 de março de 2011

Crítica do dia!

127 HORAS (127 Hours, EUA/Reino Unido, 2010).
Direção: Danny Boyle.
Com: James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Treat Williams. 94min.
   O corpo humano é, sem dúvida, impressionante. Mesmo em níveis microbiológicos parece existir um instinto de sobrevivência. Nossas células, por exemplo, dispõem de um mecanismo denominado AUTOFAGIA, segundo o qual organelas intracelulares inúteis são digeridas, evitando, assim, o acúmulo das mesmas. O interessante é que, em condições extremas - uma crise alimentar, por exemplo -, a autofagia pode ser exercida sobre estruturas ainda funcionais: um forte apelo celular para a manutenção da sobrevivência.
   E, por falar em sobrevivência, este é o tema-chave de 127 HORAS. Aqui, o enredo é simples: Aron Ralston é um engenheiro que, nas horas vagas, aventura-se pelos cânions americanos do estado de Utah. Numa de suas aventuras, porém, o rapaz sofre um acidente: ao cair num buraco, o jovem fica com um dos braços preso sob uma enorme e pesada rocha. O título do filme refere-se às agonizantes 127 horas que, a partir de então, se sucedem.
   Mesmo aqueles que já conhecem o desfecho cruciante de Aron - a produção é baseada em fatos ocorridos em abril de 2003 - impressionam-se com o trabalho de Danny Boyle. Dono de um estilo frenético, o diretor carrega de criatividade o hermético ambiente de seu personagem: a indicação da variação de temperatura na tela nos dá uma idéia das dificuldades enfrentadas por Aron - à noite, o termômetro marca 44°F: 6°C, aproximadamente; a viagem da câmera à bebida isotônica deixada por Aron no carro nos proporciona uma noção da sede sentida pelo rapaz; a sequência do 'talk-show', sob um ponto de vista filosófico, é uma expressão da inventividade humana em situações de estresse.
   Criativo como Boyle, A.R. Rahman, responsável pela trilha sonora, experimenta um antagonismo interessantíssimo: em algumas cenas, temos, como pano de fundo, músicas, digamos, dançantes! O resultado é muito bacana. Também digna de nota é, obviamente, a atuação de James Franco, que, inclusive, rendeu-lhe uma indicação ao Oscar de melhor ator - o filme teve mais cinco indicações: melhor filme, melhor roteiro adaptado (do livro Between a rock and a hard place), melhor edição, melhor trilha sonora original e melhor canção original (If I rise).
   Um belo registro da irrupção do instinto de sobrevivência do nível celular para um âmbito mais abrangente. 'There is no force on earth more powerful than the will to live.'

terça-feira, 1 de março de 2011

Especial!

TROPA DE ELITE 2: O INIMIGO AGORA É OUTRO (Brasil, 2010).
Direção: José Padilha.
Com: Wagner Moura, Irandhir Santos, Maria Ribeiro, Sandro Rocha, André Ramiro, Pedro Van Held, Milhem Cortaz, Tainá Müller. 116 min.
   Ano: 2007. Milhares de cópias piratas daquele que viria a ser um dos maiores sucessos do cinema nacional entulhavam as barracas de camelôs de todo o país - estima-se que 11 milhões de pessoas tenham assistido TROPA DE ELITE antes mesmo de sua estréia. Resultado: o filme de José Padilha foi lançado nas telonas às pressas. Ano: 2010. Traumatizado com a experiência de outrora, TROPA DE ELITE 2 é lançado sob um indelével esquema antipirataria - as cópias (cerca de 600, inicialmente), por exemplo, possuíam uma numeração invisível ao olho humano: se houvesse alguma filmagem da tela num cinema, seria possível detectar em que sala teria ocorrido a infração; além disso, as cópias tinham, também, um GPS embutido cuja função era rastrear qualquer tentativa de desvio de rota durante o processo de distribuição Brasil afora.
   A meta pessoal de Padilha era fazer com que, no mínimo, 11 milhões de espectadores (repare no significado especial deste número) fossem aos cinemas ver TROPA 2. E, como sabemos, ele conseguiu. O sucesso das novas aventuras do admirável Coronel Nascimento foi tão grande que TROPA 2 é, atualmente, o filme de maior bilheteria da história do cinema no Brasil. A supremacia de DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (1976) - até o ano passado, o filme de maior público da história do cinema nacional - acabara. E com justiça.
   A seguinte frase de Padilha resume a essência de TROPA 2: 'Não me interesso em fazer um filme que seja só entretenimento.' Fidelíssimo às suas ideologias, o diretor mergulha fundo em complexas questões contemporâneas, que vão desde a corrupção política ao controle das favelas cariocas pelas chamadas milícias. E, no meio deste vórtice, está o glorioso Coronel Nascimento: após um incidente no Complexo Penitenciário de Bangu 1, o policial é promovido a subsecretário de segurança pública do estado do Rio de Janeiro e, durante a sua gestão, o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) é transformado numa potente máquina de guerra. O problema é que, paralelamente, novas lideranças criminosas surgem e, para piorar, estas têm o apoio e a proteção do governo fluminense.
   Com efeitos especiais de primeira - alguns membros da equipe técnica trabalharam em produções como, por exemplo, HOMEM DE FERRO e AVATAR -, TROPA 2 é, acima de tudo, e, por incrível que pareça, um filme-cabeça, uma vez que nos incita a refletir profundamente sobre sérios problemas sociais crônicos de nosso país: ao bater de frente com o 'sistema', o Coronel Nascimento parece dar voz a cada um dos brasileiros esquecidos, injustiçados e vítimas do descaso político. Numa sequência em especial, na qual um deputado corrupto é açoitado pelo icônico personagem, o espectador tem a nítida impressão de estar protagonizando a pancadaria.
   O roteiro de Bráulio Mantovani, por sua vez, possui, ainda, uma dezena de cenas memoráveis: a tensa sequência de abertura em Bangu 1 (filmada numa imensa réplica do presídio de segurança máxima), a invasão do Tanque (que chegou a amedrontar moradores da favela onde as cenas foram rodadas), o carro do Nascimento sendo fuzilado (Wagner Moura dispensou dublês para a execução do 'Cavalo-de-Pau'), entre outras. Porém, o maior mérito de Bráulio e seus colaboradores foi compreender que uma sequência não deve, necessariamente, conter os mesmos elementos do original (aqui, por exemplo, não há a mesma profusão de bordões do primeiro filme); a franquia , felizmente, optou pela inovação. O amadurecimento é patente. Tanto quanto os cabelos brancos de Nascimento e sua postura encurvada: uma inteligente metáfora que simboliza o peso do fardo carregado pelo personagem de Wagner Moura - e por nós também.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Crítica do dia!

TEMPLE GRANDIN (Idem, 2010).
Direção: Mick Johnson.
Com: Claire Danes, Catherine O´Hara, Julia Ormond, David Strathairn, Charles Baker. 108 min.
   Geralmente, as histórias sobre pessoas bem-sucedidas em ambientes completamente desfavoráveis rendem bons filmes. Alguns deles, no entanto, acabam apelando para um sentimentalismo excessivo, o que acaba prejudicando o resultado final dos mesmos.
   TEMPLE GRANDIN é, digamos, a cinebiografia de uma mulher portadora de um distúrbio de desenvolvimento incurável: o AUTISMO. Aqui, porém, não há espaço para melancolia gratuita: se o espectador vier a chorar, será de alegria - e não por comoção. Em TEMPLE GRANDIN, ocorre algo, no mínimo, incomum: mesmo não intentando propor uma mensagem edificante, o filme acaba por fazê-lo. E esta característica peculiar resulta, provavelmente, do potencial biográfico da personagem-título.
   Diagnosticada como portadora de Autismo por volta dos 4 anos de idade, Temple recebe da mãe (Julia Ormond, ótima) emocionalmente abalada todo o carinho e apoio que esta pode oferecer - na época, muitas das especulações acerca da etiologia do Autismo fundamentavam-se nos estudos do psiquiatra americano Leo Kanner, segundo o qual, o distúrbio originava-se do desinteresse dos pais (da mãe, particularmente) nas relações afetivas da criança. Assim, Temple é encaminhada para um colégio rural, no qual estabelece uma forte relação com um dos professores (David Strathairn, competente como sempre). Aqui, a garota desenvolve todas as suas habilidades latentes e revela-se um fabuloso prodígio.
   Repleto de mensagens subliminares (a questão da mulher, por exemplo, que trabalha em ambientes essencialmente masculinos), o filme, em momento algum, desvia-se do foco principal: expor com ternura, exatidão e bom humor (é inspiradora a forma sagaz como Temple lida com sua condição), a história de sua personagem.
   Com um elenco de apoio de primeira, TEMPLE GRANDIN conta, ainda, com uma espetacular atuação de Claire Danes - merecedora de uma indicação ao OSCAR; na verdade, a atriz só não foi indicada porque este filme foi feito exclusivamente para a TV (para o canal HBO, mais precisamente). Quando perguntada sobre a performance de Claire, em entrevista concedida no tapete vermelho da cerimônia do recente Globo de Ouro (na qual Danes foi premiada como melhor atriz em minissérie ou telefilme), a própria Temple Grandin disse: 'She became me.'
   Uma personagem memorável com uma bela história de vida interpretada por uma atriz inspiradíssima. Resultado: um filmaço.