segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crítica do dia!

RATATOUILLE (Idem, EUA, 2007).
Direção: Brad Bird.
Com vozes de: Patton Oswalt, Ian Holm, Lou Romano, Brian Dennehy, Peter O´Toole, Brad Garrett. 110min.
   Excelência e criatividade sempre foram o carro-chefe da PIXAR. A excelência reflete-se no deslumbre visual, no rigor dos detalhes e no acabamento perfeito das personagens e cenários. A originalidade, por sua vez, configura-se na elaboração de roteiros inteligentes, ricos culturalmente e que deixam no chinelo muitas historinhas idealizadas por grandes estúdios hollywoodianos.
   Você seria capaz de imaginar um rato cozinheiro? Provavelmente sim. A imaginação humana é muito fecunda. Porém, comprar - e o mais importante: vender - esta idéia já são outros quinhentos. E não é que a PIXAR atreveu-se, mais uma vez, a tornar crível e belo algo aparentemente disparatado?
   Em RATATOUILLE - título advindo do prato homônimo típico da Provença, região ao sul da França -, o ratinho pé-duro Remy diferencia-se dos demais roedores de sua colônia por ser dotado de uma habilidade extraordinária: a capacidade de discernir e manipular os mais variados aromas e sabores. Remy é um estudioso das receitas do chef francês Gusteau - personagem livremente inspirado em Bernard Loiseau, mestre-cuca francês que cometeu suicídio após especulações sobre uma possível queda em sua cotação no Guia Michelin, a máxima referência no negócio de restaurantes franceses - e, por um lance do destino, vai parar na cozinha de um dos restaurantes que leva o nome deste.
   Falar mais só serviria para estragar algumas pequenas surpresas do roteiro, rico em situações e repleto de personagens inesquecíveis. Um deles é o sous chef Skinner, homem diminuto excepcionalmente dublado pelo inglês (também pequenino) Ian Holm - o Bilbo de O SENHOR DOS ANÉIS. É ele o responsável pelas mais hilárias sequências do filme. Por outro lado, o crítico gastronômico Anton Ego, outrora catalisador da decadência de Gusteau, embora com pouco tempo de tela, nos presenteia com um escrito dos mais belos já vistos no Cinema - alvo, inclusive, de uma série de discussões filosóficas na internet. Assim como o filho pródigo da conhecida parábola bíblica, que estimulado pela memória gustativa retorna à casa do pai, Ego, ao deparar-se com o talento culinário de Remy, tem suas reminiscências alimentares acionadas e rende-se à genialidade do 'little chef'. Aqui, caro leitor, não há como não recordar o gosto peculiar das delícias e guloseimas preparadas por sua mamãe quando você ainda morava no interior. Simplesmente tocante.
   RATATOUILLE é como aquele prato saboroso: merece ser repetido várias e várias vezes. E com direito a uma sobremesa: um interessante mini-documentário sobre a relação dos ratos com a humanidade através dos tempos.

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