segunda-feira, 30 de julho de 2012

Crítica do dia!

VINGANÇA ENTRE ASSASSINOS (The Tournament, 2009).
Direção: Scott Mann.
Com: Kelly Hu, Ving Rhames, Liam Cunningham, Robert Carlyle, Ian Somerhalder. 95min.
   A propaganda da Mastercard pode até não faltar com a verdade, mas, convenhamos: há muito mais coisas sujeitas ao poder do dinheiro do que abstrações incorruptíveis. Mais: quando tem-se dinheiro, tudo parece estar ao alcance. Nenhum aparente devaneio é quimérico o suficiente para incapacitá-lo de vir a tornar-se uma realidade. O caso do militar Luiz Felippe Dias de Andrade Monteiro, falecido em fevereiro deste ano, é um exemplo. O engenheiro civil da FAB desejava ter o corpo congelado após sua morte, na esperança de que um dia pudesse ser ressuscitado, caso a Ciência eventualmente atingisse tal capacidade. Uma de suas filhas, disposta a realizar o sonho do pai, estaria desembolsando R$ 900, 00 por dia para que uma funerária carioca mantivesse o cadáver de seu genitor conservado a gelo seco. A idéia, na verdade, seria transportá-lo para os EUA, onde uma empresa especializada em CRIOGENIA assumiria a responsabilidade pelo congelamento do corpo.
   Se o leitor considera o 'método' acima uma forma imaginativa de 'queimar' dinheiro, certamente desconhece algumas bizarrices perpetradas por certos personagens do fantasioso universo cinematográfico. Em O ALVO, por exemplo, estréia do diretor John Woo em Hollywood, ricaços pagavam para caçar humanos; em O ALBERGUE, fortunas eram dispensadas em prol do prazer da tortura; já em TÁ TODO MUNDO LOUCO!, um abastado administrador de cassinos gastava seu tempo (e dinheiro) propondo as mais bisonhas apostas.
   Neste VINGANÇA ENTRE ASSASSINOS, mais um exuberante esbanjamento é apresentado: aqui, os endinheirados organizam um torneio cujos participantes são todos matadores profissionais. A competição é realizada a cada sete anos e o vencedor deve ser o único sobrevivente. Acobertado pelo governo, o evento já teria sido, inclusive, sediado no Brasil - no fictício município de Shirao (?!).
   O mote é simples, mas, se o espectador deter-se apenas àquilo que a produção propõe - ação ininterrupta -, o resultado talvez o surpreenda. A cena da boate, em especial, na qual prostitutas e bêbados são despedaçados em meio à chuva de balas, é certamente uma das mais viscerais dentre as recentes películas do gênero. Tiroteios, explosões, perseguições, dedos decepados e um padre alcoólatra são o carro-chefe de VINGANÇA ENTRE ASSASSINOS; o espectador não deve, portanto, esperar verossimilhança de um filme deste tipo. Assim, acatadas as devidas 'licenças cinematográficas', a estréia em longas-metragens do diretor Scott Mann (que até então havia feito apenas alguns curtas e trabalhos televisivos) traz, ainda, algumas pequenas surpresas. A presença do francês Sebastien Foucan, tido como o criador de uma vertente do parkour chamada 'free running', é uma delas. Ademais, dentre todos os caricatos mercenários aspirantes à premiação de 10 milhões de dólares, aquele de maior destaque é justamente o capanga anárquico em busca do mais puro entretenimento. Para Miles Slade (Ian Somerhalder, o 'Boone' de LOST), o dinheiro é um fim apenas - e não um meio. Ele está ali para (se preciso) aniquilar inocentes, colecionar troféus e, de quebra, derrotar o vencedor da última edição do torneio: Joshua Harlow (Ving Rhames), que, por sua vez, é o tal assassino à procura de justiça. Como tudo tem seu preço, sejamos fervorosos opositores do capitalismo ou não, só resta a Harlow uma única alternativa: pagar para ver. É, amigos, como diria o grande bardo cearense Falcão: 'Dinheiro não é tudo, mas é cem por cento.'