domingo, 31 de julho de 2011

Crítica do dia!

O ÚLTIMO EXORCISMO (The Last Exorcism, EUA, 2010).
Direção: Daniel Stamm.
Com: Patrick Fabian, Ashley Bell, Iris Bahr, Louis Herthum, Caleb Landry Jones, Tony Bentley. 87 min.
   Nestes dois últimos meses, experimentei mudanças bruscas e impactantes em minha vida. Durante este período, todas as minhas atenções estavam voltadas para o causador (ou melhor, causadora) de tamanho rebuliço. Agora, com as coisas em seus devidos lugares, volto a escrever por aqui. A película da vez é O ÚLTIMO EXORCISMO. Ao contrário de muita gente, gostei do filme. A produção tem seus defeitos, claro, mas há, aqui, uma peculiaridade que a destaca dentre realizações semelhantes: a opção pelo suspense psicológico ao invés da construção de situações amparada pela computação gráfica - todas as nuances da possível possessão demoníaca (posições acrobáticas, rotações de pescoço, etc.), por exemplo, dispensaram efeitos visuais: Ashley Bell, a intérprete da jovem molestada (ou não) pelo demônio Abalam, é, segundo os produtores, contorcionista profissional.
   A escolha de realizar uma fita de horror realista é coerente com o próprio formato do filme: O ÚLTIMO EXORCISMO é um 'mockumentário', isto é, um documentário ficcional. Inicialmente, acompanhamos a rotina do reverendo Cotton Marcus, sua relação com esposa e filho, e, também, sua habilidade em lidar com o público (no caso, os fiéis). Diferentemente do religioso interpretado por Mel Gibson em SINAIS, que teve sua fé abalada após a morte da esposa, Cotton põe sua crença em xeque por uma razão antagônica: a cura de seu filho de uma doença grave. Como Deus e o Diabo devem coexistir, a descrença em um deles deve implicar na inexistência do outro. Assim, Cotton assume o compromisso de desmistificar os rituais de exorcismo, pois, afinal de contas, eles seriam apenas farsas orquestradas pela Igreja Católica. Eis que surge, no caminho de Cotton, a adolescente de 16 anos Nell, e, novamente, a fé do reverendo é posta à prova.
   Como o horror explícito não é prioridade aqui, há, ainda, algumas inserções interessantes no roteiro: suposições de incesto, fanatismo religioso e a super proteção de um pai são as justificativas empíricas utilizadas por Cotton na tentativa de explicar o inexplicável. O intrincado roteiro, no entanto, é prejudicado por um desfecho desapontador, alvo (quase) unânime de críticas negativas, dada a similaridade do mesmo com produções congêneres (leia-se: A BRUXA DE BLAIR).
   Uma coisa é certa: o desconhecido causa medo. E, nessas horas, distanciar-se da crença em um ser superior não é lá uma escolha muito inteligente. Fé em Deus e pé na tábua.