domingo, 24 de fevereiro de 2013

Crítica do dia!

DURO DE MATAR - UM BOM DIA PARA MORRER (A Good Day to Die Hard, EUA, 2013).
Direção: John Moore.
Com: Bruce Willis, Jai Courtney, Sebastian Koch, Yuliya Snigir, Mary Elizabeth Winstead. 104 min.
   Juntamente com Roger Murtaugh e Martin Riggs, o policial nova-iorquino John McClane é o mais icônico personagem dos filmes de ação. No entanto, ao longo dos seus respectivos filmes, os referidos homens-da-lei tiveram desenvolvimentos bem diferentes. Em Máquina Mortífera, tanto o original como as sequências foram dirigidas pelo mesmo cineasta: Richard Donner. Em Duro de Matar, apenas dois dos cinco filmes foram orquestrados por um mesmo diretor - no caso, John McTiernan, processado em 2010 pela justiça americana sob a acusação de contratação de um conhecido detetive particular para a violação do sigilo telefônico de um produtor de Rollerball. Ademais, Riggs e Murtaugh realmente sofrem com os limites impostos pela idade avançada, algo bastante discutido no quarto filme da franquia. McClane, porém, segue curso análogo ao de Benjamin Button: inicialmente, mais frágil e suscetível a escoriações, tiros e explosões, para, em seguida, alcançar uma posição de absoluta indestrutibilidade. E toda essa pompa do personagem - já demonstrada no 4.0 - em nada contribui para a elevação dos níveis de tensão tão presentes nos três primeiros filmes da série.
   Apesar da 'troca de cadeiras' do primeiro Die Hard para o segundo, muitas coisas boas foram preservadas: a ambientação claustrofóbica, a sensacional trilha sonora, a sagacidade de McClane. Em Duro de Matar - A Vingança, McTiernan retorna e amplia o campo de ação - uma inteligente mudança de argumento para afastar a franquia do lugar-comum. Funcionou. Há quem discorde, mas A Vingança tem duas das mais bem sacadas cenas de ação de toda a pentalogia - as excepcionais sequências do Harlem e aquela em que McClane detona os bandidos no elevador. Em 4.0, a série perdeu toda a sua essência. Mesmo com a filha sob a posse de terroristas, McClane mantinha a pose, seguro e cheio de si - uma postura absolutamente contrastante, por exemplo, com a preocupação manifestada com a esposa, quando a mesma encontrava-se em um avião controlado por militares corruptos. Mais: a experiência, por assim dizer, havia feito de McClane um ser capaz de executar as mais inacreditáveis peripécias - alçar um táxi contra um helicóptero, afinal, não é para qualquer um; sobreviver ao ataque de um caça, muito menos.
   O título é muito bacana. ´A Good Day to Die Hard` soa bem, não? Mas, infelizmente, é uma das poucas coisas boas neste DURO DE MATAR - UM BOM DIA PARA MORRER. Após tomar conhecimento da prisão do filho (Jai Courtney) na Rússia, McClane decide atravessar o oceano para ajudá-lo e acaba se envolvendo num complexo plano da CIA. O enredo chinfrim até prende a atenção do espectador por alguns minutos, mas, ao direcionar McClane para um plano secundário, tendo em vista que a ação gira em torno da competência do filho, o negócio desanda. É de uma tristeza inenarrável ver o personagem praticamente suplicar por um envolvimento maior na trama. A inteligência de McClane agora é dispensada para o descarregamento de armas automáticas, uma vez que, quando o roteiro decide implementar algum 'projeto' de suspense, a simples frase ´Aí tem coisa.` resolve. Visualmente, a perseguição inicial é muito bem orquestrada, mas, para efeito de credibilidade junto ao público, pouco verossímil. O desfecho do filme então... A computação gráfica nada (ou pouco) tem a ver com Duro de Matar - a começar pelo próprio protagonista e sua total falta de familiaridade com tecnologia.
   Duro de Matar inspirou e até hoje influencia o jeito de fazer filmes de ação (já ouviram falar de Duro de Matar na Casa Branca?!), e, mesmo com Bruce Willis garantindo o prosseguimento da franquia, sugiro, com muito pesar, que hoje seja um bom dia para que a mesma morra.