terça-feira, 4 de outubro de 2011

Crítica do dia!

A MINHA VERSÃO DO AMOR (Barney´s Version, Canadá/Itália, 2010).
Direção: Richard J. Lewis.
Com: Paul Giamatti, Minnie Driver, Dustin Hoffman, Rosamund Pike, Rachelle Lefevre, Scott Speedman. 134min.
   Baseado no livro 'A versão de Barney', lançado no Brasil pela editora Companhia das Letras e de autoria do renomado escritor canadense Mordecai Richler, A MINHA VERSÃO DO AMOR é constituído, basicamente, de duas etapas: na primeira delas, o filme é uma espécie de comédia de humor negro com pitadas de drama; na segunda, um drama com algumas pitadas de humor negro.
   A indecisão em definir-se como um exemplar típico de um determinado gênero não é, neste caso, prejudicial - o próprio protagonista, Barney Panofsky, interpretado com excelência por Paul Giamatti (vencedor do Globo de Ouro deste ano na categoria melhor Musical-Comédia), é, essencialmente, indeciso. De origem judaica, Barney é um desalentado produtor de TV (responsável, entre outras coisas, pelas 'Produções completamente desnecessárias') que, na ocasião do lançamento de um controverso livro, publicado por um detetive 'em sua homenagem', é incitado a recapitular momentos importantes de sua vida. Assim, somos transportados à Roma da década de 70, época em que Barney perpetra o primeiro de dois desastrosos matrimônios.
   A retrospectiva de Barney é, em última instância, um contraponto às situações biográficas contidas no livro que o 'homenageia' - aqui, inclusive, vale a seguinte reflexão: o que os outros pensam sobre nós afeta o nosso comportamento? Barney é, sim, um bom sujeito - de coração transparente, segundo uma de suas esposas; o espectador mais atento certamente perceberá o bando de oportunistas que rodeiam o judeu. Alguns, dizem-se amigos; outras, dizem-se cônjuges. Barney tem seus defeitos, claro; um deles, aliás, mulher alguma jamais compreenderá: o fascínio pelo esporte aliado à prática habitual de assistir jogos bebericando misturas alcoólicas.
   O primeiro tomo de A MINHA... é marcante, sobretudo, devido à presença monumental de Dustin Hoffman. Ao interpretar Izzy Panofsky, pai de Barney, o ator dá uma verdadeira aula de atuação - a qual Ricardo Macchi não deveria ter faltado, diga-se de passagem. Cada aparição de Izzy na tela é promessa de altas gargalhadas: cafajeste e sarcástico, o detetive aposentado exibe com maestria toda a sua 'sabedoria paternal'.
   No segundo tomo, A MINHA... trata de profetizar os desfechos de pai e filho - e, aqui, vale ressaltar uma inteligente estratégia do roteiro: a busca pela redenção com o auxílio da memória antes que seja tarde demais. Recordar é viver, mas, cuidado: não esqueça de viver o presente.



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