terça-feira, 20 de setembro de 2011

Crítica do dia!

O PLANETA DOS MACACOS - A Origem (The rise of the planet of the apes, EUA, 2011).
Direção: Rupert Wyatt.
Com: James Franco, John Lithgow, Freida Pinto, Brian Cox, Tom Felton, Andy Serkis. 105min.
   Segundo a TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE, os complexos mecanismos de funcionamento do Universo e a perfeição estrutural dos seres vivos só podem mesmo ser obra do chamado 'criador inteligente' - a teoria, tida como pseudociência, é vista como uma roupagem moderna para o Criacionismo. Assim, Deus existe e o espetáculo da natureza, entre outras coisas, seria uma prova de tal existência. O homem, com sua mania secular de grandeza, acredita ser o espécime ótimo da evolução, e, muitas vezes, ousa brincar de Deus, interferindo, por exemplo, nos intrincados processos ecológicos-naturais. Os resultados são, na maioria das vezes, catastróficos.
   O Cinema, em várias oportunidades, explorou as maléficas consequências da ação antrópica desvairada. Produções como OS PÁSSAROS, de Alfred Hitchcock, e o recente FIM DOS TEMPOS, de M. Night Shyamalan, estão fundamentadas na apresentação, por parte da natureza, de inimagináveis mecanismos de defesa. A franquia PLANETA DOS MACACOS, por sua vez, talvez cause um forte impacto pelo fato do bicho em questão ser exatamente o 'macaco' - em tempo: os chimpanzés, por exemplo, compartilham conosco cerca de 99% de seu DNA.
   No original, de 1968, os macacos são, de fato, a raça dominadora - os homens são, inclusive, utilizados como cobaias em pesquisas. Em O PLANETA DOS MACACOS - A Origem, é apresentada a possível causa da opressão simiesca: na esperança de encontrar a cura para doenças degenerativas cerebrais, o cientista Will Rodman (James Franco) idealiza o ALZ-112, substância atuante nos processos celulares do sistema nervoso. A droga, porém, é testada em chimpanzés e tem um surpreendente efeito colateral: os macacos aprimoram sua inteligência e suas habilidades cognitivas são maximizadas. Após um incidente, Will adota um filhote de chimpanzé que, em breve, receberá do pai enfermo do cientista (John Lithgow) o sugestivo sobrenome de um dos maiores generais do Império Romano: Caesar.
   Caesar é 'interpretado' por Andy Serkis - sim, o mesmo carinha responsável por Gollum, de O SENHOR DOS ANÉIS -, especialista em captura de performance por computação gráfica. E, como você já deve saber, Caesar, assim como todos os outros macacos que constam no filme, é de cair o queixo. As sequências 'macacada reunida' são visualmente empolgantes; mais: casam muito bem com o roteiro inteligente e bem escrito. A cena da ponte Golden Gate já é uma das melhores do ano.
   Se o ALZ-112 tem impacto positivo nos símios, nos humanos, por outro lado, tem efeito devastador - uma interessante sacada do roteiro que resulta numa cena após os créditos finais. O efeito da droga, contudo, é ferramenta indispensável para a intenção primordial do filme: centralizar a trama nos macacos. A escolha é certeira. Tanto que o elenco não-computadorizado, à exceção de John Lithgow e Tom Felton (ótimo no papel de 'carcereiro'), quase não merece destaque. A macacada faz e acontece.
   Caesar, ao liderar a 'revolução dos bichos', profetiza o desfecho lúgubre do reinado humano. Mas, como quem é rei nunca perde a majestade, outros dois filmes estão previstos. Nesse meio tempo, quem sabe o homem não aprende a respeitar um pouco mais a natureza?




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