terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Crítica do dia!

DEIXA ELA ENTRAR (Låt den rätte komma in, Suécia, 2007).
Direção: Tomas Alfredson.
Com: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar, Henrik Dahl, Karin Bergquist, Peter Carlberg. 115min.
   Durante uma entrevista, o diretor Tomas Alfredson disse: 'Fazer Cinema é muito sobre não mostrar as coisas na tela.' Neste DEIXA ELA ENTRAR, o cineasta mostra-se fiel à sua ideologia; que fique bem claro: isto não é, de forma alguma, algo depreciativo. Muito pelo contrário. Ao optar pelo caminho artístico, DEIXA ELA ENTRAR torna-se um filme de Horror não convencional; o exotismo, por assim dizer, permeia toda a obra. O maior indício disto é, obviamente, o roteiro - elaborado por John Ajvide Lindqvist, autor do livro homônimo (publicado em 2004) do qual o filme é adaptado -, que, por sua vez, trata, de modo peculiar (e não menos sombrio), a temática vampiresca.
   Em DEIXA ELA ENTRAR, acompanhamos o florescer de uma inusitada relação romântica entre o garoto OSKAR e a vampira ELI. O menino é vítima de bullying na escola e não faz idéia de como lidar com a situação - exceto pelas encenações de possíveis retaliações; ela, por sua vez, não hesita em assassinar - isto quando o seu (digamos) vassalo falha no cumprimento de suas obrigações.
   À primeira vista, o mote pode parecer habitual. Não é. Tal constatação resulta do seguinte: DEIXA ELA ENTRAR não apela para explicações fáceis. Tome o pai de Oskar, por exemplo. Você pode indagar: 'Qual a contribuição das cenas entre pai e filho para a trama principal?' Não será fácil responder à pergunta acima, mas, acredite, a resposta está lá. Mais: o próprio título do filme é enigmático. Contudo, por não ser nenhum SPOILER, explico: há controvérsias, mas, segundo as lendas, a casa de um indivíduo é protegida por seu anjo da guarda; vampiro algum tem poder para derrotar um anjo. Assim, se alguém convida um vampiro para adentrar em sua residência, utilizando, portanto, seu livre arbítrio, as divinas criaturas não poderiam intervir.
   Fantasias à parte, é possível identificar, ainda, situações cotidianas rotineiras (o que acarreta uma vinculação do filme com a realidade - algo sempre positivo em produções de terror): a auto-confiança de Oskar para vingar-se de seus opressores é, por exemplo, consequência imediata do relacionamento com Eli (afinal de contas, quem não se sente o dono do mundo quando está apaixonado? Leonardo DiCaprio que o diga...).
   Apesar da nítida preocupação com a parte dramática, DEIXA ELA ENTRAR não economiza no sangue quando o momento é oportuno; há, pelo menos, duas sequências memoráveis: a queda do corpo do sétimo andar do hospital (simples, mas muito bem filmada) e o desfecho, perturbador e sangrento.

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