domingo, 7 de outubro de 2012

Crítica do dia!

A MULHER DE PRETO (The woman in black, Reino Unido, 2012).
Direção: James Watkins.
Com: Daniel Radcliffe, Ciarán Hinds, Janet McTeer. 95min.
   No início da década de 90, uma personagem peculiar 'amedrontava' os homens da pequena cidade baiana fictícia Santana do Agreste: a Mulher de branco da novela global TIETA revelou-se, no final das contas, uma simples criatura mundana desesperada por sexo. Para a infelicidade de Daniel Radcliffe, a antagonista cromática da assombração fogosa fake citada acima é verdadeiramente perniciosa. Em seu primeiro longa após o encerramento da saga HARRY POTTER, o ex-astro-mirim encarna o papel do advogado Arthur Kipps, que, desestabilizado pela morte da esposa durante o parto do filho Joseph e às voltas com dificuldades financeiras, vê-se obrigado a deslocar-se para as brenhas britânicas a fim de regularizar a papelada da mansão Eel Marsh House. Uma vez nos cafundós da Inglaterra, Kipps depara-se com um fantasma local associado a tragédias envolvendo crianças da região.
   As locações, os cenários e a direção de arte deste A MULHER DE PRETO são primorosos - algo já esperado de uma película da HAMMER FILMS, a cultuada produtora inglesa de filmes de horror B fundada em 1934, 'afundada' no final da década de 70, devido, entre outras coisas, à impossibilidade de competição com filmes de terror americanos, e ressuscitada em 2008. Há um notável apuro técnico nos figurinos, na caracterização de época (início do século XX) e na construção de um ambiente soturno. Em contrapartida, o espectro que dá nome ao filme não é dos mais assustadores: a vila, a pequena faixa de terra que cobre-se de água periodicamente e o próprio casarão são muito mais apavorantes. Até Mrs. Daily (Janet McTeer), ao incorporar um conveniente espírito, provoca mais pavor no espectador.
   As dúvidas quanto à interpretação de Radcliffe logo são deixadas de lado: cônscio do personagem que assume, o eterno bruxo faz um trabalho competente - condizente com a figura dramática criada pela conhecida escritora britânica de livros de mistério Susan Hill. Por outro lado, as mudanças cometidas no texto original da literata inglesa possivelmente foram responsáveis pelo surgimento de inacreditáveis furos de roteiro: como é possível um cadáver permanecer em tão boas condições de conservação após tanto tempo? Se lama fosse revigorante, os porcos seriam imortais.
   Apesar de todos os defeitos, a marca 'Daniel Radcliffe' é forte e A MULHER DE PRETO obteve um excelente desempenho nas bilheterias. Resultado: a HAMMER FILMS já prepara um novo lançamento para 2013 - 'The Quiet Ones' versa sobre um polêmico experimento conduzido pelo professor interpretado por Jared Harris.
 
     

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